Às vezes sinto que pessoas e coisas essenciais até então,
se transformaram em objetos inanimados e pesados, como já dizia minha avó e
como escreveu Chico Buarque, um estorvo.
Aquele amigo que a pouco me entendia e me fazia tanto bem
hoje me olha diferente, ou talvez seja a minha ótica que diferencia tudo, mas o
fato é que está tudo diferente.
Aquela pessoa que eu tanto admirava hoje não passa de um
saco de batatas, não, um saco de batatas ainda me serviria para alguma coisa.
Ah e aquele lugar incrível? Sou capaz de morrer se hoje
fosse obrigada a voltar lá.
Aquela musica que eu ouvi um milhão de vezes seguidas hoje
me causa náusea, na verdade me sinto tão pouco inteligente por ter gostado
dessa canção que lastimo por ter nascido assim, com esse déficit de
inteligência tão gritante.
Aquelas roupas que não me servem desde o dia em que as
comprei, aquele perfume doce que me enjoa tanto e aquela escova de dente solta
naquela bolsa, naquela gaveta velha esquecida em algum armário que já nem sei
qual é.
O frio que me congela enquanto aquele calor insuportável me
escalda até a alma.
Sempre perdida entre fragmentos que me causam confusão. Ora
me deixando excitada de emoção ora estupefata de depressão.
Para quem leu: Eu te beijo.
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