Não pude de
pronto distinguir o que era ou para o que era aquele barulho. Não sabia ao
certo onde estava e nem se estava em algum lugar. De repente me vi ali,
deitada, amassada e ainda muito cansada. Aquele despertador alto estridente,
então era isso. Me arrastei até a um local frio onde tudo era reverberação.
Acordei, me
olhei, me vi, me enxerguei e então sai.
Me sentindo
como uma personagem. Tendo a impressão de me observar. Fiquei pensando porque
essa pessoa que às vezes se parece comigo age dessa forma. Talvez se eu fosse mesmo
ela agiria bem diferente, mas como sou eu mesma sendo ela, faço assim, tudo
errado, tudo tão divergente.
Olho para as
minhas coisas e não as vejo mais como minhas. Me olho no espelho, ou seria uma
vidraça? E nem ao menos me pareço comigo,
talvez, quem sabe, uma palhaça.
Onde deixei
minha coragem, porque agora me vejo tão covarde? A ultima coisa arriscada que
fiz foi tomar banho após a refeição, a quem diga que dá indigestão, mas até
isso eu não faço mais não.
Por ali me
sento para comer alguma coisa, além de mim agora, todos me observam. Sou a mais
bonita do pedaço e a mais feia do todo, talvez eles me olhem por admirar o
tamanho do bolo.
Quanta gente
chata, quanta gente vazia. Sinto o cheiro da futilidade no ar, meu estomago revira,
corro tropeço no meu salto alto, derrubo minha bolsa cara e molho meu cabelo
escovado no copo de agua gaseificada que acompanha meu café já frio. E quanto
ao chocolate que também veio, ah esse ninguém viu. Reclamo de mim mesma, como
sou desastrada, chata, vazia e fútil. Não, essas são as pessoas que estão em
volta, não eu. Esse modo turvo de observar me confunde um bocado, melhor eu descer
desse elevado e correr para um lugar mais civilizado.
Procurei a
civilidade por toda a parte, mas só encontrei a tal frivolidade, gente que
apenas parece gente, mostrar de dentes que simulam sorrisos. Corações
ressentidos, atitudes condicionadas, obrigações executadas, um molde, um padrão
que ninguém se enquadra.
Tanta
confusão e uma única conclusão nesse dia em que me descobri louca, não há nada
visualmente concreto em um mundo tão subjetivo por emoções.
Para quem
leu: Eu
te beijo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário