sábado, 5 de maio de 2012

O dia em que me descobri louca






Não pude de pronto distinguir o que era ou para o que era aquele barulho. Não sabia ao certo onde estava e nem se estava em algum lugar. De repente me vi ali, deitada, amassada e ainda muito cansada. Aquele despertador alto estridente, então era isso. Me arrastei até a um local frio onde tudo era reverberação.
Acordei, me olhei, me vi, me enxerguei e então sai.
Me sentindo como uma personagem. Tendo a impressão de me observar. Fiquei pensando porque essa pessoa que às vezes se parece comigo age dessa forma. Talvez se eu fosse mesmo ela agiria bem diferente, mas como sou eu mesma sendo ela, faço assim, tudo errado, tudo tão divergente.
Olho para as minhas coisas e não as vejo mais como minhas. Me olho no espelho, ou seria uma vidraça?  E nem ao menos me pareço comigo, talvez, quem sabe, uma palhaça.
Onde deixei minha coragem, porque agora me vejo tão covarde? A ultima coisa arriscada que fiz foi tomar banho após a refeição, a quem diga que dá indigestão, mas até isso eu não faço mais não.
Por ali me sento para comer alguma coisa, além de mim agora, todos me observam. Sou a mais bonita do pedaço e a mais feia do todo, talvez eles me olhem por admirar o tamanho do bolo.
Quanta gente chata, quanta gente vazia. Sinto o cheiro da futilidade no ar, meu estomago revira, corro tropeço no meu salto alto, derrubo minha bolsa cara e molho meu cabelo escovado no copo de agua gaseificada que acompanha meu café já frio. E quanto ao chocolate que também veio, ah esse ninguém viu. Reclamo de mim mesma, como sou desastrada, chata, vazia e fútil. Não, essas são as pessoas que estão em volta, não eu. Esse modo turvo de observar me confunde um bocado, melhor eu descer desse elevado e correr para um lugar mais civilizado.
Procurei a civilidade por toda a parte, mas só encontrei a tal frivolidade, gente que apenas parece gente, mostrar de dentes que simulam sorrisos. Corações ressentidos, atitudes condicionadas, obrigações executadas, um molde, um padrão que ninguém se enquadra.
Tanta confusão e uma única conclusão nesse dia em que me descobri louca, não há nada visualmente concreto em um mundo tão subjetivo por emoções.

Para quem leu: Eu te beijo.

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