Eu queria ser
uma menina dentro de um quarto cor de rosa com paredes cheias de quadros coloridos,
cortinas de borboleta e com um armário lilás. Meus livros seriam de capas
brilhantes, minhas gavetas teriam papel de bala e calcinhas de algodão com
desenhos fofos. Meu mural de amigos sempre teria alguém com uma tarja preta bem
no meio da cara, e depois de um tempo eu iria tentar limpar com alguma coisa
que me dissessem que resolveria essas bobagens que fiz e quem sabe o mural
ficaria ali por mais algum tempo.
Meu edredom
azul de flor amarela teria cheiro de sonho, e por isso eu iria gostar tanto de
ficar embaixo dele. Meus discos estariam sem capa, e algumas capas nem teriam
mais discos.
Eu iria tirar
foto de mim mesma e publicar para o mundo todo ver o quanto eu pareço feliz
sozinha.
Eu comeria
tantas bobagens eu tivesse vontade, eu ficaria horas embaixo do chuveiro só
para chorar pensando no quanto fui idiota por ter feito mais uma vez aquela
coisa que sei que não deveria ter feito, mas fiz.
Eu ligaria
para alguém me consolar, e desligaria o telefone antes de atender. E se meu
telefone tocasse, eu nunca atenderia nem que o pobre aparelho implorasse ou explodisse.
Eu arrumaria
algumas coisas por ali, tiraria algumas roupas horríveis que nunca me serviram
para nada, reviraria gavetas e descartaria brincos, cintos, pessoas e sonhos.
Mas certamente não jogaria nada fora, só afundaria ainda mais essas coisas ou
quem sabe as trocaria de lugar, e elas permaneceriam ali, escondidas, mas ali.
Como tantas coisas que trago em mim.
Eu comeria
uma barra de chocolates e tudo ia ficar bem, certa de que tudo é uma farsa, que
nada é para sempre, e por mais que eu me esforce eu nunca vou entender o porquê
que a gente tem que gostar logo é de gente. Eu queria mesmo era ser mais
inteligente.
Para quem
leu: Eu te beijo.
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